Brasil: Balanço de 2015 e Perspectivas para 2016
- Roberto Herrera
- 2 de jan. de 2016
- 4 min de leitura

Por Roberto Herrera (*)
2015 foi assim: Crise Econômica, Política, Fiscal, Moral e Ética. A economia extremamente fragilizada, indicadores macroeconômicos comprometidos, recessão, desemprego, contas públicas deficitárias, credibilidade do governo comprometida, instabilidade política, desaprovação do governo Dilma, falta de confiança dos empresários, investidores e consumidores, desconfiança dos investidores internacionais, redução expressiva dos investimentos estrangeiros diretos e perda do grau de investimento. O cenário para 2016 continua sendo de grandes dificuldades, com clara indicação de que possa ser pior que o ano que termina.
Balanço Geral e Perspectivas:
PIB - Produto Interno Bruto - Recessão de -3,7% em 2015 e projetada em -4,3% para 2016. Dois anos seguidos de recessão só vistos em 1930 e 1931. No economês clássico, vivemos a estagflação – recessão com inflação.
Inflação – Acumula 10,72% nos últimos 12 meses e projeta 7,5% - 8% para 2016.
Taxa de Juros - SELIC fecha o ano em 14,25% a.a., com possibilidade de um ajuste de mais 0,5% na primeira reunião do COPOM em janeiro de 2016, elevando a taxa para 14,75% a.a. Dependendo do comportamento da inflação, estima-se que a taxa possa fechar o ano em 15,25% a.a.
Contas Públicas – O governo não conseguiu implementar um conjunto de ações que permitissem a busca do equilíbrio fiscal. Fecha o ano de 2015 com um déficit das contas públicas de R$ 118,5 bilhões, incluindo R$ 72,4 bilhões de pagamento das pedaladas fiscais para o BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e FGTS.
Política – Claro enfrentamento entre o executivo e legislativo, com ingerência direta do STF – Supremo Tribunal Federal quanto ao rito do possível afastamento da Presidente Dilma. Em paralelo forte e provável afastamento do presidente Eduardo Cunha do Congresso Nacional.
Lava Jato – Segue com desfecho imprevisível apesar das prisões já consumadas.
Orçamento para 2016 - O governo enviou ao Congresso e consegui aprovação da proposta orçamentária com superávit projetado da ordem de 0% a 0,5% do PIB.
Salário Mínimo - O governo anunciou o reajuste de 11,6% do salário mínimo a partir do início de 2016. Com isso, o salário mínimo vai passar a ser R$ 880. Esse reajuste terá impacto relevante para as contas públicas, dado que aproximadamente metade dos gastos federais é indexada ao salário mínimo.
Saída do ministro Joaquim Levy – Conforme previsto, o ministro deixou sua pasta e foi substituído por Nelson Barbosa, um dos principais artífices da matriz econômica que conduziu o país à situação atual. Falta credibilidade ao ministro para convencer o mercado que suas intenções possam conduzir o país à retomada do crescimento, estabilidade econômica e desenvolvimento social.
Desemprego – A taxa de desemprego em 2015 fecha o ano acima de 8,9% e deverá superar aos dois dígitos no segundo trimestre de 2016, fechando o ano próximo de 11%.
Grau de Investimento – O Brasil perdeu o seu grau de investimento, passando para uma classificação de risco especulativo. Com o rebaixamento, também perde investimentos do exterior e terá um custo maior para captação de novos empréstimos para o setor público e privado.
Desaprovação do Governo – 70% dos pesquisados pelo DATAFOLHA, manifestaram insatisfação com o Governo Dilma. A maioria da população não acredita que a presidente possa restabelecer a confiança no seu governo.
Movimentos sociais – manifestações contrárias e também a favor do governo aconteceram em várias cidades do país e deverão continuar em 2016. A sociedade civil organizada acompanhará o desenvolvimento da crise política e o rito do impeachment.
Dólar – Fecha o ano próximo a R$ 3,95 em 2015 e dependendo dos fatores políticos e econômicos terá grande volatilidade ao longo do próximo ano, pressionado poderá atingir R$ 4,50 - R$5,00 no final de 2016.
Previdência Pública – Possível reforma, alterando o tempo mínimo de contribuição e idade do postulante à aposentadoria, homens e mulheres. Revisão dos critérios para os benefícios aos pensionistas. O déficit da previdência é crescente e no prazo de 10 a 15 anos, o numero de aposentados deverá superar os de trabalhadores na ativa, contribuintes da previdência. A previdência privada ou complementar é uma boa estratégia como reserva de valor para utilizar na fase mais madura da vida.
Reformas estruturais – A Tributária, Previdenciária e Trabalhista estão na pauta do governo para os próximos dois anos, são de difícil execução, pois dependerão de acordos políticos, base aliada e oposição. O partido do governo defende a tese de ampliação da tributação sobre o patrimônio, alguns estados já elevaram a alíquota de tributação sobre o ITCMD – Imposto sobre transmissão por causa morte e doações e outros estados deverão seguir o mesmo caminho em 2016.
Investimentos Financeiros – Foi um ótimo ano para os investimentos em renda fixa, em especial os isentos de tributação como as LCIs, LCAs e Debêntures Incentivadas, também tiveram boa performance os fundos multimercados. A poupança não conseguiu sequer superar a inflação. Os investimentos em renda variável tiveram perdas pelo terceiro ano seguido. Em 2016 o cenário ainda se apresenta desfavorável para os ativos de renda variável, quem tem perfil de risco mais agressivo, deverá utilizar estratégias de proteção para proteger seu patrimônio. Atenção aos investimentos pós-fixados e indexados à inflação, porquê acompanharão a taxa básica de juros e manterão o poder de compra da moeda. Neste cenário a poupança continua a não ser uma boa alternativa de investimento.
(*) Roberto Herrera - Economista, Gestor da HGR Investimentos e CEO da Herrera Consultores Associados.
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